TEUS OLHOS

Procuras e não percebes

Que lado a lado estás,

És paralelo a si próprio,

Duplo em teu ser,

Ambíguo em si.

Infinita é tua missão:

Transcrever a orbe;

E nela navegas como um herói,

Confiante, como os prepotentes.

Descreves tudo que vê,

Minuciosa e pacientemente,

Como se fizesse parte

De tão lancinante e fugaz instante;

Como se habitasse as imagens

E superasse a luz.

O que dizer de ti,

Tão atraente e cativante?

Serás como as estrelas,

Passado e distante?

Em verdade o és;

Pois o brilho que de ti emana

É falso e seduz;

E tua realidade tão próxima,

Como as estrelas de ti.

Mas não te arrisque inutilmente.

Não excedas os limites do teu ego;

Pare e pense:

Como podes afirmar o que vê,

Se tua identidade é oculta

E não te autopercebes?

Como podes crer na vida,

Se nem sabes se existe?

Como podes ver o mundo,

Se nele não estás circunscrito?

Ou por acaso, alguma vez,

Já te vistes nele?

Agora, creia-me: tu nada vês.

Tua missão é falsa e infrutífera,

És sonhador e mentiroso,

Se é que existes!

Mallmith
Enviado por Mallmith em 11/09/2006
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