VELHOS AMIGOS ! José Geraldo Martinez & VELHAS AMIGAS ! Maria Thereza Neves

VELHOS AMIGOS !

José Geraldo Martinez

Enquanto silêncio há,

pelo meu lugar que dorme,

contemplo de mim a solidão ,

de mim o pranto escorrido!

Um encontro pela madrugada de velhos amigos ...

Abraço-me tanto ,

molho-me no próprio pranto !

Sou eu , comigo !

Acalento as desilusões ,

da minha alma entristecida ...

Peço mil perdões pelas emoções mal vividas .

Quem me quer mais que a mim ?

Se não eu ,assim , querendo-me

de alma despido !

Quem seria de mim senão eu , meu melhor amigo .

Junto minhas mãos

sobre o rosto , a enxugar-me de mim o desgosto ...

Meus dedos sobre algumas rugas

que dei-me em desafeto ,

quando inimigo de mim fui manisfesto ...

Toco meu rosto e meus cabelos ,

num carinho infindo e verdadeiro !

Barbeio-me suavemente ...

Como se o outro de mim, mais descrente, quisesse ajudar !

Penteio-me docemente ,

como se o outro de mim fosse passear...

Visto-me , como se o outro de mim fosse recomeçar !

Aos conselhos de mim , saio e uma alegria infinita ensaio.

Correndo de braços abertos ao vento...

Como se o outro de mim esquecesse o tempo !

Para o futuro que me espera ...

com tantos sonhos que vagueiam ,

por tantos sóis e primaveras !

Carrego-me nos braços ,

para um pôr do sol no poente ...

Caminho pela vida , como se o outro de mim fosse à frente !

Segui os passos de mim finalmente , cheio de alegria ...

Amando-me para sempre !

Correndo pelos meus sonhos no amanhecer de um novo dia ...

De braços comigo, saio eu eternamente .

&

VELHAS AMIGAS !

Maria Thereza Neves

Eu comigo de mãos dadas

a recordar caminhos.

Sozinhas vivendo saudades

momentos felizes ou de abandono

nos abraçando para sobreviver.

Quantas vezes brincamos,

brigamos por escolhas diferentes

uma queria abraçar o mar

a outra voar horizontes...

mas sabíamos que precisávamos

nos cuidar,manter viva a essência

os clamores da alma

e as terras fecundas das raízes.

Como fossemos uma só pessoa

aprendemos a amar o mundo

a deixar as lágrimas rolarem

para outra enxugar

e juntas sorrimos .

Sabíamos, bem aqui dentro de nos

que conquistamos o direito de errar,

tropeçar , voltar a sonhar e amar.

Quantas vezes a solidão encontramos

o no silêncio conversamos

nos reencontrando nos caminhos

que pareciam não ter fim

nem porto.

Saiamos destas horas aflitas

apoiadas nos ombros

sem nunca esquecermos

onde as estrelas se encontram

e as balsas para voltar a infância

nas tranqüilas águas distantes

JF/MG- 10/09/06-22h

Maria Thereza Neves
Enviado por Maria Thereza Neves em 10/09/2006
Código do texto: T237240