Algo
Fui até os picos mais elevados,
e aos fossos mais profundos.
Adquiri a resistência dos rochedos,
e a dureza do diamante
assim como seu brilho
e a raridade semblante.
Tornei-me dócil como a brisa
e oscilante como o mar.
Nas noites de tempestade fui trovões e furacões
e na manhã seguinte o sol ameno que aquece.
Fui estridor e o canto que encanta os pássaros.
Tive os beijos mais doces
e as palavras mais confortadoras,
entre os desafios mais inefáveis
que a vida me colocou.
Nunca perdi a esperança
e sempre busquei meus ideais.
Obtive todas as respostas do mundo.
Mas não puder fazer nada,
ninguém as entende.
Não pude fazer nada,
ninguém as almeja.
Não pude fazer nada,
ninguém é crente.
Não pude compartilhar.
Então restou-me entrar nos micromundos
e descobrir suas verdades.
Elas cintilam nos picos e rebatem nos fossos.
E lá no fundo, no fundo...
Assim é possível fazer algo