Ninguém saberia dizer...
Quem saberia dizer de onde vem o som dos sinos que ouço?
Quem saberia dizer o que eles cantam?
O que comemoram, se a paisagem do coração se faz nua,
sem adornos, descolorida numa realidade tão crua?
Por que festejam, além dos grades que cercam os jardins tão secos,
enquanto o tempo sente-se fracassado, rendendo tributos abusivos à solidão?
Qual o motivo dos risos, das músicas e festas, se na noite
o choro é ouvido nos becos da escuridão?
Por que as danças em volta da fogueira,
se até o sol se põe mais cedo e lua se atrasa,
por saber que a felicidade vôou para bem longe, em suas enormes asas?