Eu que nem percebi as raízes que arrebentavam minha calçada e os galhos que perfuravam meu coração. (part. I)
Eu que nem percebi, os dias me comem o tempo
Quando vi estava lá, a tamareia que plantaste em minha calçada
Seus frutos se desenvolvem, acho que ao seu contento
Seu perfume me invade a janela, seus galhos carregados deixam sua beleza ainda mais realçada
Despertando água em bocas alheias
E convidando-me a provar da carne doce do fruto
Foi você que a plantou aqui, foi trazendo o verde onde antes só havia mistura de cimento e areia
Você quem me ofereceu depois não te queixes, se eu tiver outra visão do mundo
Pode ser que essa experiência me desperte outras sensações e sabores
Não sei qual era a intenção, será testar-me os valores?
Eu nem quero isso, você sabe bem
Pode ser que me queira em liberdade
Porém pode ser que quanto volte a passar pela minha calçada, se depare com outra realidade
Mas eu não queria ser nada além de um jardineiro a regar a flor de que sempre cuidei com tanto espero
23/3/2010