A cura
A cura
Sandra Ravanini
A Danilo Ravanini
Expulsar-te; chagas enodoadas de rancor,
interrompendo o ciclo intenso e dolorido
às mãos irmanadas na cura dos sentidos,
aliviando a devoração, caiando-te, oh! livor.
Apalpar-te; ira envidraçada, a fria tortura
abrindo as comportas, libertando os teus medos
mais profundos, amistar-se dos levedos,
destilando o amanhã distanciado da agrura.
Redimir-te por fim, clamando o ciclo indolor,
invocando a panaceia à rosa-dos-ventos,
soprando a graça, exortando o riso do tempo,
que há de chegar em um solstício de louvor.
Aliviar-te; roubar da vida a ira em sinfonia,
tocar a cura, o risonho ciclo que espera,
o amistado sopro das mãos em primaveras,
concebendo a rosa-dos-ventos em anarquia.
22/06/2009