ROSALINA

Rosalina se tornou amarga

Quatro bois, duas cangas

Uma carga

Um feitiço, um ebó

Uma praga

A moléstia, a morbidez

Após cada estribilho

Uma silada

Uma sílaba

Proferida a cada vez

Nada de um filho

O sangue escorrendo ao fim do mês

Cólicas, brigas, depressões

Nenhuma gravidez

Uma dose de aguardente

Duas doses de insensatez

Do marido que a amava

Deus não quer seu bem

Pensa ela assim

Atormentada Rosalina

Lamenta sua sina

Se segura pela crina

E cavalga incessante

Sua montaria

Está por um barbante

O cavalo feroz

E galopante

É uma linha cortante

Segue seu caminho

Sem nenhum amor

Sem qualquer carinho

Do marido ou do amante

Nem por um instante

Que não muda o seu dia-a-dia.