CANÇÃO ANTIGA
Juventude fria,
Por muitos reprimida,
E porque sofria,
Não tive a vida:
A que um jovem sonha,
E que o sono acompanha.
Tive medo e choro,
Que ninguém ouvia,
Soluçar e o cheiro,
Da casa vazia,
Iam sempre embora,
Iam sem demora.
Ladrava à noite,
Qual cão sem dono,
Sofrendo o açoite,
Pelo abandono,
Fome ratazana,
A roer-me a entranha.
Criado na deslealdade,
Nos pilares da incoerência,
Imerso na realidade,
De infâmia e decadência,
Infância perdida...
A mais estranha das vidas.