Sem bússola
tornei-me a lasca aguda
de uma pedra que não tem idade
de nomes, vago no mundo
de sombras, permeio a cidade
de olhos, tornei-me perguntas
de lágrimas, tornei-me saudade
sou náufrago em mar profundo
na lágrima que vem sem alarde.
da noite sou o vazio
do dia, a letargia
sou um cais abandonado
sem adeus, sem boas vindas.
em bocas, tornei-me o grito
e do escárnio protegi-me com charme
nos lábios sobraram-me risos
nas covinhas faltaram maldades.
no âmago tornei-me ardente
mesmo em dias mornos ou cálidos
se fervo, detono, incendeio
torno-me pele, sangue e carne.
na ponta da lasca aguda
da pedra que não tem idade
procuro o apelo da vida
a essência do amor, a felicidade.