Descansar desta poesia
Queria-me o vento nesta estrada deserta
olhando a montanha imponente
majestosa,
delírio real,
total, deste caminho empurrado, soprado por força
superior
furacão por vezes, brisa suave outras,
algumas curvas atalhos encruzilhadas subidas,
emoções em cascata contínua,
pensamento navegando farol por perto
mesmo nas tormentosas ondas, em cabos agressivos essas penínsulas
estreitas,
promontórios desconhecidos,
nada como o intratável destino em estrelas cadentes,
sem lágrimas indefinidas.
Queria-me o vento parado, silenciado
pela força avassaladora do trovão,
tremor consciente, razão revivida,
imutável labirinto,
ali sentado com pensar interrompido, longe de sintonia com o cosmos
nesse avassalador oceano, ininterruptas águas-marinhas,
apenas esta certeza de ir a caminho de casa,
descansar desta poesia.