Em Campo Grande

Brisa do mato

Orvalho suado

Peguei um atalho

Pelo meio do parque

Onde os indígenas

Só entram na ilustração da placa

E segue caminhando a playboyzada

Nike em passo apresado quando me vê

Os zóio no pé

Quase à correr

E por quê?

Só quero passar

Nem queria te ver

Sou mais a capivara na grama

Que uma paty na cama

Ou um conforto sem merecimento

do olho por olho

do dente por dente

mastigando a gente

dizendo com o corpo

Tudo o que sente

Mesmo sem saber

Junta na bolsa

Atravessa a via

Faz pensar

Com raiva perdôo

Grito pra dentro um deixa pra lá

Levo o natural na palma das mãos

E fricciono até que despedaça

Toda a graça da vida

Em nuvens disformes

De formatos variados

Estrategicamente engraçados

Teletransportando a alma

De volta ao lado bom da vida

Vou dando risada da desgraça

Brisa do mato

Orvalho suado

junto à raça fudida.

Marco Cardoso
Enviado por Marco Cardoso em 08/07/2010
Reeditado em 08/07/2010
Código do texto: T2365508