O vôo do caldeireiro

(à memória de Beto Gonelli)

Florestas de metal brotando do estéril saibro

De uma dessas árvores foi que despencaste

Teu último vôo após o sensato abandono

Das drogas e da bebida

Lembro-te ainda, olhos estalados como ovos fritos

Enrolando um baseado na manhã gelada

O bom humor dos simples em piadas espirituosas

Mas onde estará agora o teu espírito

Depois da queda assassina que sofreste?

Teu corpo espatifou-se onde um galpão nascia

Onde quiçá uma fortuna surja

Foi a tua adversa sorte

E tua última notícia

Não buzinarás sorrindo novamente

Ao passar acelerado por alguma rua

De algum destino que eu por acaso tenha

O que uniste em metal na terra

É agora dissolvido pela ferrugem da morte

Como fumaça de solda que irrita os olhos

Fazendo com que chorem a noite inteira

Assim choro, Gilgamesh temeroso

De algum destino que eu por acaso tenha

Damnus Vobiscum
Enviado por Damnus Vobiscum em 08/07/2010
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