Tédio
Cidade grande, tarde de inverno
Por entre os arranhas céus o tédio
Invade meu coração.
Maior que todos os prédios é minha tristeza,
A aflição pela liberdade me devora.
Todos estão presos entre as paredes de concreto,
Lugar em que nem inseto entra.
Uma ou outra pessoa pela calçada passa
Apressada, muitas vezes em busca do nada,
Enquanto eu permaneço na solidão dos sós,
Sem saber qual a razão, a verdade das ilusões entre
As lâmpadas no alto dos postes.
As cabanas vazias, o coco pendurado, a água quente
Ou gelada intacta nas prateleiras,
Quiosque dos turistas, gente simples e artista
Mexem e remexem com minha emoção.
O tédio aperta, mas me contenho sem entrar na contramão.