PINTEI VOCÊ ASSIM...

PINTEI VOCÊ ASSIM...

Olhei na tela

A poesia desenhada

Formas perfeitas

Esculpidas em doces nuances

Olho muito e observo

Quero poder interagir com as sombras

Com cada pedaço de poesia

Que serpenteia a minha frente

Por mais que sejas imutável

Observo-te em cada detalhe

Sorver-te é meu desejo insaciável

Quero aplacar min’alma

Com visão que me torpedeia

Que me atira ao chão

Num gozo visual que me desnorteia

Você me faz cantar

Sem saber ao menos uma estrofe

Da mais bela música que há

Que no peito surge e sofre

Na mística da minha musa

Que faz gemer meu frio corpo

Sem por vezes eu acreditar na luta

Quero buscar travar

Bem no fundo da tela

Da poesia escancarada e bruta

De letras derramadas e incertas

Como setas que vão diretas

E me consomem com seu fogo ardente

E no tilintar de uma vela acesa

Que você mesma acendeu

E que a pôs na mesa

Pra se banquetear de mim

Não sou mais eu que vejo você

Mas, isto sim

Você que me torra em seu ardor

E me prepara e consome-me por inteiro

Feito a última refeição do condenado

Que na forca vai ter seu horror

Mas que dentro de ti será eternizado

No banquete derradeiro...

Arqueirorj
Enviado por Arqueirorj em 07/07/2010
Código do texto: T2363568
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