PINTEI VOCÊ ASSIM...
PINTEI VOCÊ ASSIM...
Olhei na tela
A poesia desenhada
Formas perfeitas
Esculpidas em doces nuances
Olho muito e observo
Quero poder interagir com as sombras
Com cada pedaço de poesia
Que serpenteia a minha frente
Por mais que sejas imutável
Observo-te em cada detalhe
Sorver-te é meu desejo insaciável
Quero aplacar min’alma
Com visão que me torpedeia
Que me atira ao chão
Num gozo visual que me desnorteia
Você me faz cantar
Sem saber ao menos uma estrofe
Da mais bela música que há
Que no peito surge e sofre
Na mística da minha musa
Que faz gemer meu frio corpo
Sem por vezes eu acreditar na luta
Quero buscar travar
Bem no fundo da tela
Da poesia escancarada e bruta
De letras derramadas e incertas
Como setas que vão diretas
E me consomem com seu fogo ardente
E no tilintar de uma vela acesa
Que você mesma acendeu
E que a pôs na mesa
Pra se banquetear de mim
Não sou mais eu que vejo você
Mas, isto sim
Você que me torra em seu ardor
E me prepara e consome-me por inteiro
Feito a última refeição do condenado
Que na forca vai ter seu horror
Mas que dentro de ti será eternizado
No banquete derradeiro...