PRIMEIROS DIAS DE VERÃO
A cair estava a toalha do seu corpo,
E o vento lançava pétalas em sua direção,
E a visão da janela trazia conforto,
E sua maldade, sem coração, sem coração.
Só a toalha a cobrir-lhe no quintal,
Levantando os tornozelos para alcançar,
As roupas penduradas no varal,
Eu chegando sem pensar, sem pensar.
Percebi um leve raio de sorriso,
No seu matinal divertimento,
Eu olhava pasmo, indeciso,
Seu borboletear ou fingimento,
Aplico-lhe um beijo no ombro,
Deixa escapar um sorriso cordial,
Dos lábios cintilantes, bem me lembro!
Um claro riso de cristal.
Mas rápido virou-se para mim,
Com a mão no ombro:” Não faça”!
Mas, está disposta a ir até o fim,
Pois o espanto pede outra audácia,
Noto-lhe os olhos acalorados
Em minha direção, mais depressa
Novos gestos acanhados,
Volta o rosto: “Droga, agora essa!...”
“Ouça bem que vou te dizer...”
Mais avanço em seu pescoço
Com um enorme beijo de prazer
E ela se lança sobre mim sem tropeço.
- Ah, a cair estava a toalha do seu corpo
E o vento lançava pétalas em sua direção
E a visão da janela trazia conforto
E sua maldade, sem coração, sem coração.