A Revolta da Caneta
A caneta de repente
fica toda revoltada,
e me encarando com fúria
diz que eu sou a culpada.
Diz que já se cansou
de todos os meus rabiscos,
e que está decidida
a parar com tudo isso.
Que a aperto entre os dedos
e que rabisco demais,
e nem por um minuto
consigo deixá-la em paz.
Que não tenho piedade
pois quando estou escrevendo,
sou incapaz de perceber
o quanto está sofrendo.
Que a pressão de meus dedos
sobre ela é tão forte,
que por muitas, muitas vezes
desejou até a morte.
Que eu não ligo pra ela
e não tenho coração,
e que já está farta
de ver seu trabalho em vão.
Diz que já não aguenta
ver as folhas que rabisco,
em pedacinhos rasgadas
e mandadas para o lixo.
Que se for pra continuar
com essa situação
ela desiste de tudo
e vai para outra mão.
Do Livro: “Entre Poemas” – Pág. 10