Estrela de giz

Estrela de giz

Sandra Ravanini

“Já luares não abrandam nem consolam

um sentimento em si a própria vida,

articulado em meus gestos solitários

que em vão querem sarar a alma ferida.”

(José Carlos Lopes, Paisagem de ti)

Desarma o céu àquela criatura que estampa

a ferida da espera; floresça a lua em lis,

floresça a noite como uma estrela de giz

adornando o telhado, abrandando a eiranta.

Reabra o antigo livro que me conta a inglória

da inocência consolando o vão santuário,

perguntando às lagrimas dos solitários

se a alma era uma tela articulando a escória.

Pôr, arte do sol, rabisca um caudal feliz,

açafroando os meus horizontes e os meus gestos,

em cores de poesias e bemóis dos restos

da menina desenhando a estrela de giz.

Os luares choraram na prata do pincel,

feito o horizonte, alma dos solitários,

arte do pôr esperando o visionário

salvar a estrela de giz num céu de papel.

21/07/2009