No silêncio do caos
Acordei,
procurei a palavra neste amanhecer contrário doloroso
difícil demais saído do sonho revelado
revoltado
purificador deste nada inerte,
imaginei Terpsícore outras musas
deusas falsas
adivinhos em taberna bebendo no cálice de madeira
vinho tinto jorrando que nem rio furioso
condicionado
limitado por margens estreitas
tentado por um som,
tom
esquecido nas trevas de noite escura sem brisa,
apenas cheiro a pétalas dispersas
em telhas oblíquas prenhes de chuva forte,
protestei sem sentido nesse apocalipse
procurado sentido eterno de cavaleiros,
morte anunciada atracção terminal constante.
Nada como reacordar ouvindo pássaros passando rápidos
pelo suave vento saturado de rosas brancas
orquídeas selvagens, gerânios, malmequeres amarelos,
olhar o espelho adentro
sorrir despenteado por luz solar,
bom dia universo,
sim,
palavra encontrada
em metamorfose,
no silêncio do caos.