O suicida

O gosto do remédio amarga a garganta,

nem sei qual minha doença,alias,sou muito saudável por sinal,

Sofro de sindrome do pânico,mas talvez isso me ajude.

Nem lembro qual a ultima vez que atravessei a rua, ou vi o sol

sem ser da minha janela.

Desde que meus pais morreram, acho que nunca mais falei com alguém,

a não ser eu mesmo em frente ao espelho.

Nunca mais sorri,e nem sei mais o que significa isso,somente as baratas

e ratos deste quarto esquecido como eu, me entendem.

Sei que estou morrendo aos poucos,ou melhor, me matando aos poucos,

mas isso não é triste, pois já estou morto.

Não amo, não vivo, não tenho esperanças,apenas uma porção de remédios

que uma pessoa que nunca vi,sempre me deixa a porta.

Não sei como é temer a morte,isso é triste,pois aguardo ansioso por ela, as noites são longas, e os dias infinitos.

Tentei adiantar uma grande parte do caminho que me leva a morte,mas parece que a vida não quer se desprender deste corpo de alma inferma.

Por incrível que pareça ainda tenho lembranças, e são doces, mas nem sei mais sorrir por elas, ainda choro,ainda existem prantos neste corpo vazio,nessa alma sangrada.

A noite a minha cama gelada,parece ser meu túmulo,e o sol que me desperta de manhã me ferindo a face,e dizendo:

Ainda não é hora de morrer.

Então me levanto da cama e sento a beira da janela,olhando as pessoas,e me perguntando,por elas são assim?.

Sei que por dentro estou morto,mas por fora ainda não morri.

Mas mesmo assim não pertenço a este mundo,que me fere,me abraça,me faz sorrir e no outro dia leva embora quem mais amo.

Me nego a viver assim,se a morte não me levar tão breve, estarei aqui sentado,a sombra desta janela e deste quarto gelado,espero que teus braços me aqueça.