UM ANJO, UM HOMEM, UMA JUMENTA
E na estrada da desobediência se ia Balaão e sua jumenta;
E por desviasse três vezes do anjo de Deus que lhe aparecia;
Por três vezes com a vara espancou-a Balaão com grande ira;
Sendo na terceira vez impossível de continuar, ela senta;
N’um ato incomum, a jumenta fala: “- Por que já por três vezes me espancaste”?
N’outro ato incomum Balaão responde: ”- Por zombar-me as mesmas vezes.”
Em ato agora comum a jumenta retruca: “- É do meu costume fazer isso, já que me cavalgaste por tantas vezes”?
“– Não!” responde Balaão cego de fúria prepotente.
Abrindo o anjo os olhos de Balaão para a verdade;
Seu rosto se constrange e vai ao chão por tamanha superioridade;
E o anjo fala em pé imponente forte:
“– Por que espancaste por três vezes tua jumenta Balaão?
Se ela desviou o caminho na minha frente e mudou a direção,
Era para livrar-te da própria morte”!