OLHOS D'ÁGUA
Quando o dia anoitece
E flechas de prata ferem meu peito
Entrevejo arco-íris noturnos
Do orvalho a gotejar.
Um olho d'água começa a chorar...
Quando haloados navegantes
Harmonizam o plexo solar,
A dor entorpece minh'alma
Adormeço com o canto lunar.
Um olho d'água começa a chorar...
Retirada a venda do terceiro olho
viajo no rabo do cometa,
E traspasso o universo
Na velocidade de um pulsar.
Um olho d'água começa a chorar...
Na descida ao corpo denso,
Escorrem por entre dedos
Inimagináveis tesouros,
Como um rio que corre pro mar.
Um olho d'água começa a chorar...
E quando um novo dia amanhece
Em sabedoria, luz e calor,
O universo se faz música
Nas mãos do meu Criador.
Meu olho esquerdo começa a chorar...