O Cemitério dos Desamados
Pra onde eu fui, não queiram saber
O cheiro, a cor, as vozes, a miséria
Onde qualquer alma foge à matéria
Dali, inferno algum há de temer.
Estive por hora ali entrelaçado
Voltas de um mundo não sincronizado
E ao lado a saída tão distante
Tão paralela, aparência insignificante.
Estive no poço do mundo, onde fui
Abaixo dos terços e destilados
Perdido em momentos, grito calado
Nenhum ato bom, nenhuma palavra flui.
Ah, e os belos canteiros ali ao lado
Paralelo, aparentemente sem glória
Canteiros que seriam o fim da história
E foram, com um final consagrado.
Pra onde eu fui, não queiram saber
Aparentemente sem volta, a tensão
Onde eu tapei o meu coração
Pra, sem visão, e só assim, sobreviver.
Não queiram saber, pois não há
De se cair na tentação das aparências
Como um amor e suas triste consequências
Vos digo, não há perdão a quem ficar.
Que mundo é este? Onde ele fica?
Preserve teu jardim, tua flor e perfume
Preserve hoje teus bons costumes
Pra onde eu fui, não há mais vida.