Não há verso sem promessa
Não há conveniências a se fazer
Se é alma e pede, suplica,
Morre tão rápido quanto ressucita
E logo ali no amanhã
Já não há chance de temer.
Não há cortesia senão o sorriso
Ainda que não seja assim, preciso,
Pelo que me detém (como sempre deteve)
Como um juramento de quem escreve
E marca! Não há beleza sem sorriso.
Não há olhos habituados à noite
Que não recue à luz do dia
Que chega como manta fria
E avisa a hora de viver
Já que relógio plantado em meu peito
só perde a hora se algo temer.
Nada! Não há nada que seja real
Eu vejo a vida assim dizer
Confundo lágrima, sorriso,
O que almejo, o que preciso
Entro no trem já sem destino
Pois só o tempo,
Lugar nenhum hei de temer!
Já não há verso que se pague
Nem desabafo que se cale
Se vale o peito, o sangue todo
E pouco importa se já tolo
Diz o que quer, o que não deve
Pois não há limites na entrega.
Não há palavra pra descrever
O que a noite há de mostrar
E o poeta frio, louco, manso
Que pena por qualquer avanso
Depois do beijo cheiro álcool
Já não há versos a fazer.