Pi
Um dia as palavras esgotaram esta mão trémula
consciência de ser cadáver escondido em terra verdejante, anunciado,
por mais exercício, observação de cirros presos
no céu azul
as frases resistiam sem piedade, inexoráveis
à composição linear
revelada na angústia contida abruptamente
sempre escondida,
conscientemente adiada nas imutáveis
leis de criação,
conquistas constantes na beleza de alma triste
sentida, amargurada também,
saudade dos tempos inventivos conseguidos
pureza desfeita sugada pelos ventos loucos
avassaladores, esgotados.
Algo inexorável acontecia, rápido trovão
violenta explosão de icebergue rodeado por truques
jamais vistos,
a mão rabiscou alguns algarismos
sem nexo sequências descontinuadas abruptas
não mais interrompidas, o Pi eterno
irado incessante, rancoroso e vingador,
revolta com a ausência do teu toque
nesta tremula mão, Erínia devastadora
deusa alada da loucura incontida em mim,
finalmente há luar.