D’eus de gelo
D’eus de gelo
Sandra Ravanini
Árida noite de vidas desajustadas
pela rigidez do velho escuro faminto,
engolindo o quase nada, o amargo absinto
da descrença sombria das vozes apenadas.
E caminhar para o nunca à terra de vidro,
enquanto o frio desenha a máscara de gelo,
a face de tanto nada, santo flagelo,
o rosto cansado esperando um d’eus perdido.
A luz e o açoite, as vozes dos sonhos extintos,
descansam no frio daquelas vidas sombrias,
ouvindo a velha máscara da face vazia
entoar seu flagelo ao santo vidro de absinto.
E caminhar para o nunca dessa sentença,
usando o disfarce daquela árida noite,
enquanto a máscara sombria recebe o açoite
do d’eus de gelo na terra fria da descrença.
21/05/2010