Tive de vir

Tive de vir

Tive de chegar

Tive de me achegar a ti

O escuro de minh’alma

Nega-se a clarear

Os mistérios que me afligem

O que é do escuro

Jamais será clareado

Lá deve permanecer

Ainda me sinto escrava

Deste domínio inescrupuloso

Que tem morada contínua

Que não se espreita por nada

Marca e demarca o território

Sinto-me vítima

Quero virar o jogo

Queimar com gasolina e fogo

E viver – só isto

E caminhar com meus próprios pés

E com minhas razões

Talvez irracionais,

Mas que dão satisfação

No âmago de meu ser.

Deste Ser irado, machucado

E mal criado

Com ferida exposta

Avariado

Sufocado

Exilado

Enclausurado

Quero viver

Quero crescer

É para valer

Vivenciando

Deslumbrando

Alterando

Degenerado

Virtuoso

Impetuoso

Sagaz

Fugaz

E viva o alcatraz

Desacertado

Desamarrado

Desajustado

Sem ir

Sem vir

Estando além

E depois aquém

Lounew
Enviado por Lounew em 05/07/2010
Código do texto: T2359032
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