Como Água Para Chocolate.
De verdes quenturas herdei
verduras do amor, simpatias
cebola e vinha d’alhos
e à luz da lamparina acesa
deslagrimei bruxarias
Que o forno de lenha aqueça
um cozido de atos falhos
que levo à mesa em travessas
Entre asas de codorna
meu amor cozido ferve
difere de outras fervuras,
da labareda, a verve
a mesma que me adorna
verdura, fruta ternura
tenra a aura que me orna
Não me nutro do que sirvo
da doação das perdizes
amar, não posso, mas vivo
sei que sinto o que sentes
na salada do que dizes
um beijo na boca ao dente
Com’água pra chocolate
o amor desanda em desejo
no ponto, o pronto debate
da falsa dor, o despejo.
A criança sem desejo,
mal parida, extraviada
com amor será criada
não igual a mim, que o pejo
deu-me um falso olhar pro nada
Do tanto que vigiei
mil requentados sabores,
de desamor, não provei
pimenta , cravo , confrei,
pitadas de gosto de amores.
Varro a casa, limpo o forno
envolta em magia maia,
meu corpo apura o contorno
da febre que em mim desmaia.
Dos fantasmas me livrei
da minha mãe, parição
gemidos da casa cuidei
em sobras de assombração.
Assombra a ação cozida
almas, perus, assados
minha paixão perseguida
em caldos estagnados
Assassinei com temperos
a dívida que não tinha
doces fiz de desesperos
e de papa de farinha
ungida, me fiz rainha.
Cravo, canela, alecrim
alecrim, cravo, canela
alecrim, canela e cravo.
e um perfume de jasmim!
Cozinho por doação,
alquimia das mais belas
na cozinha faço o jogo
no fogo sabor de agravo
em apimentada emoção
paixão consumida em fogo.
De verdes quenturas herdei
verduras do amor, simpatias
cebola e vinha d’alhos
e à luz da lamparina acesa
deslagrimei bruxarias
Que o forno de lenha aqueça
um cozido de atos falhos
que levo à mesa em travessas
Entre asas de codorna
meu amor cozido ferve
difere de outras fervuras,
da labareda, a verve
a mesma que me adorna
verdura, fruta ternura
tenra a aura que me orna
Não me nutro do que sirvo
da doação das perdizes
amar, não posso, mas vivo
sei que sinto o que sentes
na salada do que dizes
um beijo na boca ao dente
Com’água pra chocolate
o amor desanda em desejo
no ponto, o pronto debate
da falsa dor, o despejo.
A criança sem desejo,
mal parida, extraviada
com amor será criada
não igual a mim, que o pejo
deu-me um falso olhar pro nada
Do tanto que vigiei
mil requentados sabores,
de desamor, não provei
pimenta , cravo , confrei,
pitadas de gosto de amores.
Varro a casa, limpo o forno
envolta em magia maia,
meu corpo apura o contorno
da febre que em mim desmaia.
Dos fantasmas me livrei
da minha mãe, parição
gemidos da casa cuidei
em sobras de assombração.
Assombra a ação cozida
almas, perus, assados
minha paixão perseguida
em caldos estagnados
Assassinei com temperos
a dívida que não tinha
doces fiz de desesperos
e de papa de farinha
ungida, me fiz rainha.
Cravo, canela, alecrim
alecrim, cravo, canela
alecrim, canela e cravo.
e um perfume de jasmim!
Cozinho por doação,
alquimia das mais belas
na cozinha faço o jogo
no fogo sabor de agravo
em apimentada emoção
paixão consumida em fogo.