Quem Sabe
Conhecemos-nos nas linhas da amizade
Você entrava pelas portas sem intenções
No olhar o verdadeiro refletido em tempo
Os anos foram aquecendo as cartas do destino
Estranho destino brincalhão de ser
Viagens de afáveis recordações se formando em nós
Na linha da vida ao seu lado eu dançava
Na linha da vida ao meu lado você bailava
De um grupo de amigos um se destacou
Invadiu os sonhos, que tremeram ao seu passar
O amor fraternal se transfigurando em paixão arriscada
Um compromisso existente e o temor ao futuro ultrapassam o desejo
Admito que às vezes perco a cabeça diante dos desafios diários
Pelo menos eu assumo os erros antes de prosseguir tropeçando
Sei que parte é culpa minha
Quando digo que não resisti aos seus arrepios ilógicos percorrendo minha derme
Desculpa se pareço covarde ante suas súplicas
Desculpa se alcanço a razão antes dos seus dedos
Desculpa se me agarro ao certo do meu contínuo caminhar
Desculpa se meu medo se sobrepõe aos seus sentimentos tão sinceros
Calculo cada passo antes do tempo oferecido a nós
Prevejo o término e a culpa corroer meu espírito perante tal questão
Crio uma pintura nossa borrada pelo desgosto
Sinto o arrependimento após cada delirante beijo
O beijo...
Seu beijo...
Sinto o roçar das horas sangrarem em nós
Então ao invés do possível adeus, prefiro o tchau
O até amanhã
Nessa amizade registrada no eterno
Por isso, estenda sua mão
Transforme o calor da ardência do prazer contido em ameno carinho
Como dantes
Reconfigure o anseio
Creio que conseguiremos nos refazer desses devaneios inconstantes
Quem sabe um dia riremos deles e desse fogo que arde nas veias nos chamuscando o sangue
E recuperaremos o terno amor.
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