SANGUE DE CRIANÇA

Um mar de sangue escorre da favela

E o tiroteio já não causa pânico.

Já virou notícia corriqueira...

Rotina que não atrapalha a vida

De quem vê a vida pela televisão.

Onde está a polícia?

Quem é o ladrão?

Existem vários espalhados por aí:

O fardado, o esfarrapado, o engravatado...

Eu chego a me sentir otário

E me pergunto: de quem é a culpa?

Escute o clamor desse sangue!

É sangue de criança escorrendo...

Que morreu de bala perdida,

De fome, de abandono,

De doença preconceitualmente transmitida!

Quem vai calar o grito que ecoa em mim?

Minhas falas são cortadas por tiros traçantes

E minha dor parece não ter fim.

Meu coração é uma favela que foi povoada por amantes;

Meu coração é uma pedra de gelo seco

Que queima a pele e transforma todo amor

Em medo, dor e solidão!

E mais uma criança morreu...

De insuficiência de solidariedade!

Samarone Leonardo
Enviado por Samarone Leonardo em 01/07/2010
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