Rosas Moribundas

Finalmente eu recebi as rosas...

Mas espere um pouco:

As rosas estão murchas.

Pobres rosas, pobre de mim.

Pelo tempo que levou

Para que as rosas chegassem,

Não eram mais rosas, desbotou...

Amarelas não estariam se alguém as amasse.

Mas ficaram esquecidas,

Perdidas ao alento

E agora, por dentro,

Finalmente eu recebi as rosas.

Mas agora penso: por quê ?

Para que me servirão as rosas ?

Secas, atônitas, lívidas

As rosas estão tóxicas.

Pobre de mim, pobre das rosas

Ao tempo que cresço,

Céus, onde planto as rosas ?

Necrosas, não quero deixá-las morrer.

De minha janela

Eu vejo os lírios...

Será que lá eu cravo as rosas ?

Será que com as duas consigo viver ?

De que me valem duas flores

Se com elas não sou perfeito ?

Pobre de mim quando olho os lírios,

Pobre das rosas quando olho prá mim.

Em minha terra cabem muitos amores...

Não posso deixar a rosa seca, sedenta

Pelo lírio do campo

Oh dúvida de vida !

E minha alma está em pranto.

E alguém lá nas profundezas do silêncio consciente, falou:

" ...Rosas cálidas

Apaixonadas deixaram o brilho

Rosas pálidas

A cor se fora como castigo".

A sonoridade das ondas se configurou num brado que comprometera toda estrutura emocional do ouvinte. Somente a dele, em especial. Rosas não nascem mais; naquela terra que se tornara estéril à vida."