LASCA

LASCA

Lílian Maial

Ergo-me estranha,

sem espelhos,

sem janelas.

Na caverna,

o mau cheiro das entranhas,

vísceras dilaceradas na cozinha.

Estou em peles,

ovelha negra,

lasca de placa tectônica,

instável,

movediça,

primitiva.

A gruta é rude,

o homem é rude,

meio fera, meio fruto do meio.

Acuada,

percorro os espaços,

confiro os trapos e pedaços,

sou eu?

Em meus subterrâneos,

vulcão, lava, erupção.

Na superfície,

magma, rocha, crosta.

Na arrogância da paisagem,

movo-me,

borboleta.

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