A fera indomável

Essa foi a poesia que fizemos eu e minha prima, Ela colocou la no recanto dela também

-Por hoje bailemos juntos

nossa primeira dança

Nossa primeira dança

bailemos juntos ao luar

que ilumina nossos corpos

dançantes a brilhar...

Por hoje, minha esposa

sejas tu a dama de honra

cujo olhar está a implorar

os olhos que te queiram buscar;

e cujo peito amante a suspirar

quer ser a dama que se desnude:

quer ser a fêmea a se entregar

-Teu olhar de esposo

chamou-me a alcova

e meu olhar seguiu-te atento e febril,

febril desejo esquentou-me por dentro:

acelerou minhas batidas,

molhou-me as coxas...

Como queres que eu seja dama

se despertas em mim

as fantasias mais devassas?

Ao entrares no quarto

meu olhar seguiu-te

a ver teus olhos me desnudando

e a clamar, teu corpo me pedia por posse.

Nossos olhares foram os primeiros

a se juntar em cópula..

Logo depois o corpo cedeu

-A sacerdotisa entrou no templo

tranzendo consigo o perfume sacro

que só o amor de esposa produz

-A sacerdotisa traz a àgua do orvalho

que só a boca do esposo pode beber

-A sacerdotisa entrou no templo

sem roupa. Trajando no corpo

o manto sagrado de sua nudez...

-Teu desejo tomou conta de mim

como uma besta solta,

loucas, as garras rasgaram

meu pudor e meu pejo...

animalescos, os corpos

buscaram-se um ao outro em fúria;

humanas, as almas dançavam

soltas no espaço...

-Sejas tua a fera, querida

e eu tua vítima contente

que usas, abusas e mata

e a qual fazes gemer quando queres

e que, prosternado ao teus pés

te pede clemência...

-Sejas tu o domador de feras, querido,

e eu a tua leoa submissa

da qual te apossas e zombas

por ser tão feroz e fragil...

Seja eu tua égua, a qual montas,

mas que exibes com orgulho

de um bravo guerreiro...

por te ser tão fiel e benquista.

-Como domaria um vassalo

àquela que é sua senhora?

Como poderia de te submeter

se sem ti esvai-se minha força e brio?

Não sejas cruel, esposa minha,

domina-me e mim e serei feliz...

-Eu sou tão frágil

que não poderia me suster em pé:

sou tua rosa

aquela que precisa de teus cuidados,

mas que em troca

te ofereço minha beleza

para que a deflores...

-O desejo fez o jardim

de teu corpo se abrir,

como gotas de orvalho

teu ventre jaz molhado

a esperar o calor nupcial

Como botões, as pernas

se abrem, se encontram

se tocam a se buscar...

enquanto te faço sentir

o quanto estamos em flor...

-Colhe-me como margaridas

e leva-me ao quarto de núpcias,

quero adornar o teu corpo

quero ser tua prenda mais cara...

-Não, tu não será minha prenda.

Mulher és e não objeto...

quero ter-te carnalmente

vorazmente como uma fêmea no cio,

mas também quero amarte loucamente

loucamente para possuir-te

de maneira que tu gostas...

-Tu ja me possuis-te, querido,

e eu te possui também...

somos posse um do outro

não somos escravos de mais ninguém.

Então dancemos de novo juntos

nossa sublime dança

nossa sublime dança

vamos de novo bailar

Que a lua não se foi

nem se foi o desejo

e a furia incontida da fera louca

-Dancemos juntos de novo

novamente e cada vez mais

na noite fria estajamos quentes

até o espetáculo acabar,

pelo cansaço dos corpos

mas com desejo de continuar...

Sophya Aurora e Tiago da Silva