Favor não dobrar
Favor não dobrar
Favor não amassar
Favor não rasgar
Não escrevam nas minhas peles
Não rabisquem minha cabeça
Cuidado com as tintas tóxicas
Já me bastam todas aquelas que não se pode apagar
Não me dobrem
Nem me amassem
Nem me rasguem
Eu, que já estou em frangalhos
Pálpebras queimam
Sangue nos olhos
Olha o tumulto na caverna
Nas veredas antes calmas
Antes tarde do que ódio
Antes fogo do que ócio
– Não falo do ócio criativo
Mas do monótono ácido
A comer minha fuselagem
E beber meu sangue ruim
Não me dobrem
Nem me amassem
Nem me rasguem.