Favor não dobrar

Favor não dobrar

Favor não amassar

Favor não rasgar

Não escrevam nas minhas peles

Não rabisquem minha cabeça

Cuidado com as tintas tóxicas

Já me bastam todas aquelas que não se pode apagar

Não me dobrem

Nem me amassem

Nem me rasguem

Eu, que já estou em frangalhos

Pálpebras queimam

Sangue nos olhos

Olha o tumulto na caverna

Nas veredas antes calmas

Antes tarde do que ódio

Antes fogo do que ócio

– Não falo do ócio criativo

Mas do monótono ácido

A comer minha fuselagem

E beber meu sangue ruim

Não me dobrem

Nem me amassem

Nem me rasguem.

Luciano Fortunato
Enviado por Luciano Fortunato em 07/09/2006
Código do texto: T234757