ausência.

Danço nos espaços vazios do tempo,

salas imensas onde te escondes.

Leio nos olhares cristalinos

dos transeuntes as vidas

que não conseguem ver.

Escuto no silêncio

do espaço os murmúrios distantes.

Eu, encerrada em meu corpo despido,

liberto da alma um grito.

Chamo-te e não me escutas,

escrevo-te e não me lês,

abraço-te e não me sentes.

Precipito-me do abismo

ao vácuo deste imenso buraco,

em queda perpétua abandono-me

à espera que tuas mãos me acolham,

como anjo caído dos céus

no desespero da tua ausência.