Refúgio
Não tive quem me contasse
minha história
não me pareço nem comigo
vivo
isolada no quarto escuro de uma noite solitária
envelheço
na busca de mim e de outro
que me sirva de espelho.
Quando adormeço,
meus sonhos se perdem
imemoriáveis, insondáveis
enclausurados
no espaço incontido de minh'alma.
Não tenho irmãos
e minhas irmãs perderam-se
nos labirintos tristes
da vida insana e erma
de uma terra varonil.
Estou só convosco
único abrigo
único refúgio
único amigo.
Em vós, que sois tantos e únicos
realizo a minha razão de viver
folheio-vos em minhas noites eternas.
Outono/2010