ECLIPSE
No escuro, vejo vultos
Ouço passos, tateados
Pés descalços, calejados
No asfalto, friorento
Sinto medo, tremulado
Me abraço, no sereno
Ouço grito, afinado
No infinito, ilimitado
O passado, mora ao lado
Um vizinho, vigiado
Vejo gente, no vazio
Apressado e sem tempo
De mãos dadas , geminadas
O silêncio, meu escudo
Vaga só, na multidão
O sol pare, um clarão
Caos geral, na imensidão
Sonho bobo, acorda o sono
Sobressalto, no colchão.