Poeta é um louco

Relógio asfixiado pelo tempo passado

parado na parede branca

restos dessa humidade descolorida

invadindo estuque tijolo

insectos enlouquecidos rápidos, sem destino.

Alguém olhava o labirinto traçado

tentado nesse excesso

decifrar o poema morto,

completo,

diversão escondida nos livros amontoados

dispersos coincidentes de temas,

versos soltos sem nexos

uma caneta usada gasta na formação

das palavras completas

inovação ilimitada,

universos profundos do transe das aranhas

jardins suspensos imaginados,

belezas escondidas entre vírgulas,

descanso da voz, pausas obrigadas

apenas o cansaço jazia

no entulho da matéria

prenúncio anunciado da vida

lápide simples, inocente

no cemitério de nuvens e estrelas cadentes.

Saudade esse fado da alma,

do sol das abelhas

do mar lá bem longe

uma frase simples

tatuada,

esculpida na madeira da mesa criadora,

poeta é um louco finalmente

libertado.