DESENHO NA PAREDE
Lá está ela, encostada na parede com seu olhar descontente,
Linda, não há como negar sua beleza!
Seus lábios enegrecidos pela sombra,
Distante de mim e tão dentro de minha essência
Que eu fico perdido em minha eloqüência,
Como uma poesia que nunca fica pronta,
Como um amor que nunca teve certeza...
Lá está ela, encostada na parede...pendente...
Lá está ela...eu não paro de olhar...ela não sabe que eu existo!
Mas me olha sem olhar, me irrita e me encanta,
Faz um jeito de que não percebe minha devoção,
Faz um “beicinho” e finge que o mundo é pura loucura.
Eu quero essa imagem na parede. Pura.
Quero conhecer seu coração,
Quero que ela saiba que minha inspiração levanta
Diante de seu olhar tão rígido...
Mas, seu olhar atravessa meu cenho,
Já havia atravessado minha alma,
Já havia roubado minha calma,
Já havia usurpado tudo que tenho...
Sobrou-me um resto de consciência
E o olhar, para o qual meu olhar mantenho,
Demonstra-se, para a minha demência,
Ser o olhar de um desenho...um lindo desenho!