Brisa

Nas manhãs mais puras,
quando o dia ainda não foi corrompido,
murmuro algum segredo ao teu ouvido.

O orvalho ainda se aquece
nas flores das goiabeiras,
que migraram para as ruas de meu bairro.

Teu olhar azul
põe em mim doce moldura;
o céu dá sentido às copas das paineiras.

Nessas manhãs em que parece outono,
e o vento apenas beija folhas verdes,
é que me pergunto sem querer
o que é a cor...

Um tijolo grita
de um muro qualquer
— já não sou mais o barro natural!

Mais perto de mim,
três letras dançam no ar sereno
e pedem abrigo até a primavera.

— Há uma pausa breve —
o vento ainda passeia
e vai levando pra bem longe
toda angústia que há em mim.

Enquanto toca o sino, faz tilintar as pedras,
vai dizendo — acorda! e ouve
o som dessa harmonia ao teu redor.

Um cachorro late ao longe;
tu me tomas pela mão.

É quando me pergunto sem querer:
— O que é o amor?


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