Copo De Leite

Vertigem estranha incomodada

Ânsia de correr em disparada

Não ser mais eu

Ser outro eu

Perder-me na história desconhecida amiga incógnita

Mergulhar no vinho tinto

Banhar a lua de mel

Apagar o incêndio no sol púrpura

Ganhar o amor e admiração de todos

Sem precisar dar nada em troca

Acreditar no impossível

Ver o irreal se tornar real nos olhos incrédulos de vocês

Sentir o toque da brisa no ar na pele arrepiar

Ouvir o vento sussurrar seus segredos ao tempo

Falar sem esperar acontecer

Saborear o perfume do copo-de-leite nos seus cabelos

Esquecer o mal terrestre inacabado de ócio humano covarde

Desgraça corrompida pela mesquinhez inabalada

Abalada pelo consumo querer mais

Passar por cima para ver sem ter o que não tem para dar sem poder dar roubar

Lábios momentâneos parados

Azuis frios da morte

Engatilhada seca cedo

Que te levam antes de mim

Olhos de criança ingênua ensinada errada sem opinar a aprender

Mãozinhas no calibre 49 metal pirataria uruguaia paraguaia

Pezinhos ligeiros inocentes crime estrutural social

BANAL

Família classe média classe C suburbana emergentes emergem

Na loucura armada desarrumada cretinice comunal

Batida seca vidro estourado sinal vermelho cruzamento rotatória sem volta

Os olhos a olharem lê-se a curiosidade mórbida do desconhecido negativo chegar

Digitais incriminam

Modificam criando ilusões paradisíacas do inferno imaginado real

Sem entender o caos

Formulam leis desajustadas para ajustarem sem ajustar coisa alguma

Pioram tentando enganando-se no mar de lágrimas ignoradas

No desgosto de viver atiram-se prédios arranha céus

Para o céu viver esperança do lado de lá

Gosto do banho de sangue empodrecido pelo tempo decepção

Na ligação interminável se conectam sem saber com quem

Caem na armadilha do lobo mal a espreita por carne nova no pedaço

Na internética local mundial global do Japão reconstruído

Frenética concorrência mortal fuzilada pelos maiorais da vez

Tranquilos no altar dos esquecidos da fama internacional nacionalmente patrocinada

Rezam não serem lembradas pela bioquímica russa abandonada

No deserto cataclisma ambulante

Que se arrasta arrasando tudo todos sem vestígios oram na capela central medieval da era de Judas cristão evangelizado

Cuspiu na cruz da salvação encarnada

Rejeitou teu filho lençol branco arrependido amargurado

Encheu-se das lendas ridículas inventadas armazenadas no tecido da epiderme

Suja no calabouço da solidão dos dias vazios desempregados

Partiu pra ignorância dos teus pais maltratados trabalho ingrato

Viu horrores sem querer vê-los

Viram-te espiar pela fechadura dourada

Condenou à forca o que tinha medo de conhecer as que diziam bruxas

Perdeu curiosidade por temer a caixa de pandora

Aberta por mendigos presos no conhecer sem temor

No fogo que se fez o céu se cobriu de rosas negras coração fúnebre

Alma perdida no reconhecer do fim

O sangue corre para você não quer ver, sentir ou ouvir

O suplício dos condenados por ti no final do milênio abalado

Dos sofreres orgulhosos do morro favelado de pavor

Da próxima chuva de tiros no ar noite carioca dos xis Copacabana desolada

O sol chora tanto pôr um fim nessa história mal feita, mal escrita

As estrelas se jogam na terra deslocada em direção ao abismo profundo

A lua se nega a voltar a aparecer para reaparecer só por estar

É a escuridão total

Sem ar

Sem luz

Sem terra

Sem nada

No nada

Murmura teu perdão

Mil desculpas

Não adiantam

Críticas construtivas

Não funcionam

Na engrenagem da vida acometida por nós passados

Nos hebreus, mais, incas, índios informatizados descamisados praianos

Deletar

A relva nuclear

A neve cinzenta no campo minado

A rosa vermelha no canhão a disparar contra nós

No marketing das bundas desnudas

Depilados peitos viris comercial ideal

Brilhantes mentes ofuscadas pela ganância capitalista manipulista

Sonhos oprimidos destemidos dos inflacionários biscateiros

A fúria contida no conter a não conter o cinismo sinistro sorriso amarelo

O anormal dado normal nos jornais sensacionalista faturar teu terror tragédia alheia menosprezada bancada mantida

Um fato castigado demorado carinho falso

E lá fora se espalha a peste inimiga da compaixão paisagem adeus

Ninguém percebeu

Vivemos uma mentira mal contada feito piada de bêbado

No boteco dos desenganados vadios sem ter o que fazer, desejando nos devorar no desjejum entorpecido pela enxaqueca matinal,

Contou essa piada infantil de gente grande que achamos viver hoje

E nos assiste na terra dos gigantes como em um aquário solitário de tantos outros

Permanecendo invisível olho nu

Costas nuas rabugentas de crueldade malhada de prazer suado pensar

Gotas enormes na tua vida miúda a gritar enquanto riem de ti na terra do nunca existiu.

Não se cansam de beber e contar repetidamente nossa história

Memória de bêbado é falha às vezes mudam alguma coisa

Seus olhos aquarianos ardem na pele ressecada do sol maltrapilho

Das bocas moles sem neurônio contando a piada incessantemente.

*

Gisele Galindo
Enviado por Gisele Galindo em 26/06/2010
Código do texto: T2342150
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