BAIXA O PANO.
Baixa o pano,
Retorno à vida,
Volta ao existir,
Artista já foste,
És agora fugitivo
Neste constante
Fugir da vida,
À própria vida,
Vida alheia
Às vontades tuas.
Baixa o pano,
Outra farsa foste,
És sim, fugitivo
Em fuga eterna,
Mas na rotunda
Estampada em sombras
Tua silhueta fugindo
Numa vida imunda
E perdendo a tua consciência
para consciência alheia.
Baixa a pano,
Retorno à vida real,
Vida feia
Onde o pano negro,
Onde a morte
Ressuscita aos aplausos,
Onde a terra
Sulca-se no palco,
Onde foste um dia rei,
Foste noutro majestade
E nunca foste tu,
Tu mesmo,
Artista na realidade,
Fatalista que mata
Na farsa vida.
(D’Eu)