ACIDEZ POÉTICA
Bate com força o cravo
Não tenha piedade
Pois a alma estranha dos poetas
Ninguém imagina o que quer
Bate o martelo e quebra os ossos
Amarra com as cordas os braços
Poetas são feitos de luz
Da lua têm a palidez
Do sol têm o mormaço
Bate sem compaixão
Quem sabe diga de vez
O segredo dos poetas
O grito do coração
Pendurada na cruz dos versos
Talvez tenha a redenção
Do magnífico pecado
Da poesia em procissão
Levanta a cruz e a coloca
De pé sobre o monte santo
Que é para o sangue da poesia
Lavar o mundo de espanto
Depois, democrata que é,
A poesia entre ladrões
Repetirá as palavras
De Jesus ao se entregar
Hoje mesmo
No Paraíso
Comigo versejarás
Que venha o soldado com a lança
Motivo de poesia será
E o vinagre na boca
O poema arrematará
Depois os trovões
A poesia no chão se esvai
E alma da poeta
Se entregará ao Pai