DA DECEPÇÃO
Olhei para mim,
Como olhara Narciso, enternecido,
Diante do espelho d’água refletido,
Tentando encontrar
Na face luzida
Os traços da vida...
Olhei para mim,
Mas com tanto cuidado e ternura,
Que louvaram as aves, em jura
De supremo amor
E eterno segredo,
Não revelar medo!
Olhei para mim
Na moldura pardeada do rio
Que, imponente e sarcástico, rio
Ao me ver surpreso
Com o quanto, alheio,
O tempo me tornara tão feio.
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