DA DECEPÇÃO

Olhei para mim,

Como olhara Narciso, enternecido,

Diante do espelho d’água refletido,

Tentando encontrar

Na face luzida

Os traços da vida...

Olhei para mim,

Mas com tanto cuidado e ternura,

Que louvaram as aves, em jura

De supremo amor

E eterno segredo,

Não revelar medo!

Olhei para mim

Na moldura pardeada do rio

Que, imponente e sarcástico, rio

Ao me ver surpreso

Com o quanto, alheio,

O tempo me tornara tão feio.

***

GILMAR PEREIRA LIMA
Enviado por GILMAR PEREIRA LIMA em 25/06/2010
Reeditado em 19/04/2015
Código do texto: T2340268
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