Balançando no arco-íris.
A manhã clara e fresca do início de inverno, deixou
mais do que céu azul anil e goticulas de sereno esquecidas
sobre as folhas lânguidas e desnudas.
O encantamento de cada cor e de cada som podia
ser percebido na parte mais profunda da alma,em forma
de paz.
Paz de quem não queria/ousava,desejar nada além do
que já possuia em silenciosa querência.
Pássaros coloridos, pomar quase em flor, no ar o cheiro
de nova vida que brotava em estação recém nascida e que
cuidava muito bem daquela que a sucedera e mesclara as
tardes com folhas coloridas derramadas pelo chão e pela
vida, pelas lembranças, recordações prepostas e sem res-
postas que invadem a alma que mistura calor,cor,frio e flores.
A alma em suas estações próprias, em suas nuances únicas
e que na maioria das vezes nem para ela mesma se revelam em
plenitude absoluta.
O indescritível caldeirão da alma que em ebulição mistura as
dores, amores e odores/sabores/saberes do sentimento que
(des)temperado move e impulsiona a vida , que se deixa levar
sem saber o rumo que irá tomar e qual destino vai alcançar na
chegada...
... não sabe nem se haverá uma chegada, a vida é uma surpresa.
Mas minuto á minuto a festa acaba e recomeça, o mágico
destino parteia e parte, nasce/renasce e fenece, sonhos que
talvez jamais se tornem reais/realidade que será apenas sonho
para recordar.
Quem sabe!
Quem saberá?
Mas o céu cada vez mais claro, fresco e sem pressa de
derramar as últimas gotinhas restantes/insistentes,ainda revela
uma surpresa : um enorme e colorido arco-íris.
Um brinde a alma adormecida que aproveita para ser novamente
livre e quem sabe até radiante, balançando leve e indolor nas cores
do colorido arco de luz...
...brincando de ser feliz!
Márcia Barcelos.