Pulsar

O sangue escorre

Ardente, escarlate,

Sôfrego e dilacerado.

Como um desespero aquoso

Flui, lenta e agoniadamente.

As manchas marcam o tapete.

Esferas de vitalidade exposta

Pronunciam-se discretamente

Como o grito de dor

De um amordaçado.

Os olhos em pânico

Distraem-se, perdem-se.

A consciência se esvai.

As pupilas dilatadas dão lugar

A branquidão de um desmaiar.

As pálpebras se fecham, lúgubres,

Na expressão chorosa da vítima.

Um suspiro pós-grito se ressalta,

Um gemido abafado escapa da boca

Sem chegar ao ambiente.

O corpo se contrai em susto,

Em dor impensável.

Logo, este se relaxa

Repousa em seu leito de morte.

A carne esfria.

A pele empalidece.

Os reflexos cessam.

O sangue para de escorrer.

O pulso já não pulsa.

Ironic
Enviado por Ironic em 25/06/2010
Código do texto: T2339885
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