S I N A

Foram muitos. Não sei bem...

Talvez fossem mais de cem,

que só por divertimento

vieram a correr, desabridos,

perscrutar a cor da dor

e espiar meu sofrimento.

Numa avidez coletiva

desnudaram minha alma,

pesquisaram minha vida

e as expuseram aos olhos

de toda cidade rapace.

Resisti a esse embate

e o amarguei em surdina.

Se essa é a minha sina

ninguém a rouba

- ela é minha,

e na desventura, sozinha,

a mim, só me cabe aceitá-la.