Mãos
Mãos a sentir o sabor da tua pele,
A medir pelos lábios no suor que se revele.
Mãos tão alucinadamente, malucas,
Afoitas por si só a embaraçar as nossas cucas...
Mãos a sentir o sabor da tua pele,
A medir pelos lábios no suor que se revele.
Sentir aromaticamente a umidade dos tecidos,
Embriagar-me como vinhos envelhecidos...
Mãos, loucas como objetos de desejos,
Peço que se meça o calor de todos os beijos.
A língua e nos lábios, o paladar insaciável,
No desabrochar e na suavidez do néctar de uma flor,
Aquela que se tem e inigualável,
Pareço-me a candura de um beija-flor...
Flor que se abre, mas não em pétalas sorridentes,
Pernas que se descruzam, e se querer naufragar na nascente...
Mãos anciãs sabem o nome de cada pêlo,
Por ter um copo guardado ao zelo,
Manifesta sedenta e voluptuosa,
Ajudando aos lábios na sede, por esta flor, esta rosa...
Rio de Janeiro, 12 de Junho de 2010.