Minhas lágrimas // Meus sonhos
Onde estará a minha doce cura?...
Só sei por onde andou a desventura —
Coberta de desagrado!
Viajei pelo negrume do incerto...
Sob o sol escaldante do deserto —
Conturbado de malgrado.
Horas de abandono e nostalgia
A dor da tua ausência eu já sofria
Poesia, encanto e fado!
E em cada canto, desenhei teu nome...
Perdido no delírio que consome,
Pelos deuses acuado.
Na centelha inebriante sobre o chão...
Minhas ilusões eram lamentos em vão —
Nos áulicos artifícios.
No suspirar sombrio da solidão...
Murmurava na tormenta escuridão —
Co’um imenso sacrifício.
Quando há luas, as belezas perseguia,
Segui teu rastro no cheiro da maresia,
À procura dos inícios...
E nos anais dos feitos, os gentios
Me precederam pelos mares bravios
E ganharam o ofício.
Ai!... Minhas lágrimas banhavam o meu rosto
Calado, por saciar a sede derramada a gosto —
Que do tempo brotou.
Outrora, minhas lágrimas formavam nascentes...
Na esperança de reencontrar as sementes —
Que o vento soprou.
Em cerimônia secreta te desposei...
Se te fui fiel, segundo a crença em minha própria lei,
Sou aquele que amou!
E na terra ainda procuro os pequeninos brotos,
Os sinais que guardei perfeitos e ignotos
Do poeta que sou!
— “Eu sei... Eu sei... Eu sei!...”
— “Ó dor... Que esvai; ó dor... Que esvai!...”
Paulo Costa // Nilza Azzi