Minhas lágrimas // Meus sonhos

Onde estará a minha doce cura?...

Só sei por onde andou a desventura —

Coberta de desagrado!

Viajei pelo negrume do incerto...

Sob o sol escaldante do deserto —

Conturbado de malgrado.

Horas de abandono e nostalgia

A dor da tua ausência eu já sofria

Poesia, encanto e fado!

E em cada canto, desenhei teu nome...

Perdido no delírio que consome,

Pelos deuses acuado.

Na centelha inebriante sobre o chão...

Minhas ilusões eram lamentos em vão —

Nos áulicos artifícios.

No suspirar sombrio da solidão...

Murmurava na tormenta escuridão —

Co’um imenso sacrifício.

Quando há luas, as belezas perseguia,

Segui teu rastro no cheiro da maresia,

À procura dos inícios...

E nos anais dos feitos, os gentios

Me precederam pelos mares bravios

E ganharam o ofício.

Ai!... Minhas lágrimas banhavam o meu rosto

Calado, por saciar a sede derramada a gosto —

Que do tempo brotou.

Outrora, minhas lágrimas formavam nascentes...

Na esperança de reencontrar as sementes —

Que o vento soprou.

Em cerimônia secreta te desposei...

Se te fui fiel, segundo a crença em minha própria lei,

Sou aquele que amou!

E na terra ainda procuro os pequeninos brotos,

Os sinais que guardei perfeitos e ignotos

Do poeta que sou!

— “Eu sei... Eu sei... Eu sei!...”

— “Ó dor... Que esvai; ó dor... Que esvai!...”

Paulo Costa // Nilza Azzi

Pacco
Enviado por Pacco em 22/06/2010
Reeditado em 16/12/2023
Código do texto: T2335805
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