O pássaro e a sereia

Ferido de espanto, Sereia,

teu canto alegrias me traz

e eu com arregalado interesse te escuto

e ouço o mundo e o que no mundo se faz.

Amo-te demais sobre as ondas de certos desejos,

sem ter medo de beber-te e o teu mar

e com ele tuas ânsias salgadas,

virar uma Sereia mansa e não poder te cantar.

Marolas quebradas acordam-me de algum sonoe

e retornando à vigília já não vejo o mar,

mas um pranto que habita em meus olhos,

que desacordados só sabem chorar.

Se sou diferente de ti, paciência,

Já que eu sou da vida o que encontrei no teu mar,

mas tu em meu ninho não moras com vida,

já que sou pássaro livre sem saber nadar.