Antropofagia infantil
passei pelo haiti
Não era longe daqui,
Era u'a favela brasil,
Porque no Brasil
Não era assim.
Tinha ali alguns seres
Que pareciam crianças:
Olheiras... rostos cavados...
Olhos abomináveis,
Porém, sinceros,
Nada escondiam...
E ainda sorriam,
Dentes saltando
De boca em boca,
Por falta de boca,
as costelas eram
como terra sulcada,
O que ninguém conta,
É que faziam de conta
Que ivivam.
E ninguém dava conta,
Pois a carne era fraca
No país do carnaval.
E ninguém dava bola
No país Do futebol.
Bem perto, um brasil,
Um anti haiti,
Gordo e feliz
Qual nunca vi.
Olhos altaneiros
Tudo escondiam,
Até o prato do dia
Que era a carne,
A carne magra
Das criancinhas do haiti
nas contas gordas
Gordas e bancárias.
Enqquanto a carne mofava
Comiam o corpo de Cristo,
Com a das criancinhas,
Compravam carros.
as crianças
Não tinham copa nem cozinha,
A copa era do mundo.
Mas, cá entre nós,
Na linha de fundo,
Não era um mundo,
Era um... imundo.